domingo, 30 de novembro de 2014

De(na)pressão




















Em seis anos, só agora estou falando com total honestidade dessa grave doença do qual sou portadora há um bom tempo.
O que faz a depressão ser um tabu, acontece mais pelo fato que as pessoas ou demonizam , ou subestimam uma das doenças mais cruéis que existem.

Eu perdi tanto, muitas pessoas se afastaram de mim,muitas não gostam da responsabilidade e sensibilidade com um parente ou amigo passando por uma fase muito delicada de sua vida, limitada pela medicação, pela próprias fisiologia e biologia e refém de hormônios de ansiedade, de seu hipocampo acovardado e diminuído. Você não é mais você. E provavelmente nunca mais será. 

Quanto as perdas, ah, essas sim, competem na crueldade lado a lado com a própria doença. Não tenho dedos, nem fios de cabelo que deem para numerar minhas frustrações e expectativas como daquelas pessoas que ficavam deprimidas e tinham um apoio, que uniam a família, que mostravam o quão era importante a gente estar ali para nossos entes queridos, ainda mais doente.

Eu cai. Feio. Como dizem os anglófonos: "I fell from could nine".
Eu caí da nuvem mais alta,como sempre fui prestativa, empática e sempre oferecendo ajuda então, foi um golpe muito dolorido ver com descaso, meu sofrimento. Se vieram conversar comigo para me animar? Não. Nem meu pai fez isso. Nem amigos da época, nem ninguém. Eu já tinha me sentindo sozinha, perdida, meus pais se separaram quando eu tinha apenas 5 anos, sofri bullying, (SIM, BULLYING TODOS OS DIAS, CANTANDO MÚSICAS PARA ME AFETAR,ME CHAMAREM DE SEM GRAÇA, QUE PODIA SUMIR QUE NÃO FARIA DIFERENÇA E VIVER ATERRORIZADA, ME SENTINDO O LIXO HUMANO E COMENDO O LANCHE NO RECREIO SENTADA TRANCADA NO BANHEIRO DO COLÉGIO, SEM UM PINGO DE PAZ POR SÓ TER SIDO ESCOLHIDA PRA CRISTO, ISSO É SIM BULLYING, E FORAM MESES E DEIXARAM UMA CICATRIZ AINDA MUITO VISÍVEL, ENTÃO NÃO BANALIZEM O SOFRIMENTO DE MUITOS.)mas nada nessa dimensão de sentimento de "beco sem saída".

Um post para falar de algo tão grande, doloroso e íntimo, claro, é muito pouco mas depressão é uma MUITO séria, e acomete pessoas sem preconceitos, ricos, pobres, brancos, negros. E seus sintomas e como a doença se comporta e o portador lida é algo EXTREMAMENTE  pessoal.

Eu sei que muitos do alto dos seus castelinhos de ignorância e sem empatia alguma , deve ser difícil entender. Por isso peço, tente compreender (faz milagres com o deprimido), mas se não poder pelo menos, RESPEITE. Isso é obrigação, certo?

Todos os obstáculos da minha vida quem sabe a dificuldade com que os passo sou eu, e tenho ciência SIM das coisas boas da vida e das que possuo. 

Como vi em um seriado que amava: " Mas a depressão é uma doença solitária". Eu não a desejo pra ninguém, é uma luta sem fim, mesmo curado, você vive de olho em possíveis recaídas, como um câncer, sem ser levada seriamente como ele, tem um risco de mortalidade igual. Sem levar em em conta outras doenças relacionadas à ela, e no bem estar do deprimido, que muitas vezes se fecha,para sua vida e se isola de tudo.

Vamos conversar, vamos dar um alento, uma conversa a quem está passando por esse inverno da alma. Vocês não fazem IDEIA, do bem que se sentir querido e amado faz com pessoas com doenças de distúrbios do afeto. Eu mesmo precisando de um alento, várias vezes fui eu quem acalentei, porque eu sei o quanto isso nos faz querer continuar.

Não se esqueçam todos os artistas, e outras pessoas notáveis que se suicidaram, ou que morreram  mingua, a maioria eram pessoas inteligentes, boas e tinham muito pra contribuir para o mundo. Nunca conheci um deprimido que não fosse uma pessoa super interessante, puro mito ainda, que os deprimidos são pessoas fracas, estamos falando de uma DOENÇA.


 Minha terapeuta diz: "Pessoas boas se deprimem, porque pessoas ruins não se importam e daí não se preocupam, não se angustiam, e não se deprimem." 


Para falarmos e refletirmos.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Não me olhe sem me ver.


  Eu sempre escrevo sobre as peripécias desses últimos 8 anos desde que comecei a "bloggar" em prosa, poesia, ficção, dissertação ou fantasia, mas acho que nunca escrevi algo tão honesto, ou tão maduro agora com meus 26 anos. Podem rir, sei não é muito, mas há oito anos atrás e tenho provas escritas, eu não teria chegado a essa linha de raciocínio,
e até maturidade para entender pelo menos na minha pobre e simples cabeça de vinte e tantos algo tão trivial: "O que os homens querem?", ou melhor  ratificando: "O que os homens interessantes querem?".

 Sou super ultra mega power viciada em diversos seriados e um desses novos da fall season, (que é a temporada de setembro/outubro e é a principal temporada na TV americana  em relação aos seriados, mas enfim, prometo não enrolar mais...), um dos personagens, ao dar dica pra uma personagem sobre como conquistar "os caras", trocou a foto do dela perfil do site para encontros amorosos, afirmando que homens gostam de mulheres que gostam de dançar (ok, eu amo dançar), e que uma foto com uma bebida e uma cara sensual ajudam muito. Pronto. Fiquei só mais uma das 18632547346525365 vezes embasbacada : " Vou ficar pra titia, é sério mesmo, agora tô vendo o que a nuvem da pirralhice me cegou...", e nem é por eu atualmente não ingerir bebidas alcoólicas, o choque foi nesse joguinho, sabe? Que eu SEI que funciona, afinal aos 26 (que jogue a primeira pedra quem nunca) todo mundo já tentou essas e muitas outras "jogadinhas" nesse quiproquó da conquista. O problema é você se descobrir, sua identidade, sua personalidade, que você não é todo mundo (valeu mãe, cê tava certa...) e que você *trombetas reais feat. coro dos anjos* não tem mais SACO pra esses joguetes adolescentes. Não dá, me sinto tipo agora tentando dançar todo um CD do "É o Tchan" que eu botava no replay, e hoje dar taquicardia na primeira abaixadinha da segunda faixa.  Não, aquela energia IS GONE!

 O que mais escuto sempre, é quando vou casar, cadê meus namoradinhos e blá, blá. Como se as pessoas estivessem mais preocupadas com isso que eu mesma. Não tô caçando homem não, tô caçando independência, felicidade sem carência e realizar todos os sonhos que a tanto custo resisti pra não desistir. Vencendo meus demônios, doença e mostrando que minha alma pílula nenhuma macula, não se preocupe. E sim, se um cara gostar de uma garota-mulher, que gosta de contar piadas chulas, faz stand up podre pros amigos, sabe mais de Hermes e Renato que talvez ele, não viva de dieta, nem viva com o sorriso eterno de Barbie na cara, que goste de bichos, de bebês, família, amigos e de livros mais que tudo, que me veja como realmente sou , minhas falhas e meus carmas, com uma vontade enorme de papos sobre assuntos bestas e risadas aleatórias e rir cantando música brega preparando um café, uma complicada e perfeitinha mulher geração Y com tudo de bom e ruim que possa oferecer (UFA, acabei ), por favor, estou às ordens para tests drives, querido!


 Só não vá fazer como todos costumam, não me olhe sem me ver.

domingo, 28 de setembro de 2014

Lábios coração.


Ando tão longe daqui, de escrever, seja no papel, seja por aqui. Eu ando em eterna crise e catarse, mas sinto que a calmaria logo chega.
Todos nós temos nossos mecanismos, nosso idioma, nossas cores que mostram nosso humor, nosso amor, nossa mente, espírito e alma vezes sós vezes em comunhão. Hoje passei batom vermelho, como várias outras vezes na minha vida. Não vou sair, não foi para me arrumar, faço isso desde pequena .Lábios vermelhos, traduzem o coração.
E não falo de amor, ou até falo, mas nada de romance. Quando pego meu batom vermelho é como um soldado pega suas armas pra batalha. É um ato solitário, egocentrado, eu passo o batom vermelho em mim e para mim, como um grande ato de amor próprio. Os índios pintavam seus rostos de vermelho com urucu, dançarinas de flamenco os lábios, cortesãs antigas passavam o rouge bem acentuado. É a batalha da vida, em busca de uma conquista e de se expressar, talvez, a maior expressão. Estamos vivos, corados, vermelhos como o sangue que corre quente nas nossas veias.
Várias vezes pessoas, coisas, acontecimentos me fizeram e me fazem acreditar que estou já morta, ou querer estar, daí eu passo meu batom e ele retumba em alto e bom som: " ESTOU VIVA, E ESTOU NA BATALHA!".
Vou escrevendo nessa prosa simples algo tão comunal, o homem, ou melhor, uma mulher e suas armas de guerra pra ser independente e sobreviver nesse mundão.
Eu pego um livro e um batom, vermelho de preferência.



quarta-feira, 2 de abril de 2014

Quando não tenho nada a dizer.



 Eu me calo. Parece simples, parece até não estou errada, e pode até ser, mas não nesse caso, eu simplesmente não tenho mais nada pra dizer . Porque eu sou tagarela e divago em intermináveis discursos vagos e sem propósito algum, só pra rir, só pra descontrair, só pela incrível sensação de liberdade de não levar tudo tão a sério. Mas se eu me calar, muitas vezes é sério, muito, porque ou estou cansada de falar com paredes ou simplesmente não tem importância. Qual é o ponto em discutir? Se eu vejo que não tem, eu me calo, " 'ok', 'que seja', 'enfim' ". Pareço fria mas, pense bem se a mesma indiferença mesmo que de outra forma não foi direcionada antes a mim.
 E nessas horas eu consigo ver o quanto mesmo que seja pouco, eu cresci. Cresci e apareci, pelo menos pra mim, em não gastar o pouco de energia em meio dos meus problemas com quem não quer me ouvir. Quando você passa sua vida caçando problemas em você, e tenta ter uma melhor conduta e vê que não está sendo uma melhor pessoa pra ninguém. Porque quando você só olha para os próprios erros você deixa de ver os erros alheios, e assim como aqueles que que acham que o inferno sempre são os outros, você está do outro lado dessa mesma balança. Os outros fazem os outros de trouxa e estão errados e você se faz de capacho e está errada também, porque se agredir não é menos agressão e acaba sempre reforça o poder dessas pessoas e o ciclo nunca acaba. E aí percebe, que ou você luta ou desiste e nesse caso desistir é deixar o outro pensar que venceu é no fim, vencer. Porque quando se passa tanto tempo dando murro em ponta de faca se pode ver que a faca tá parada, e a parede não fala, e o esse tempo perdido é seu e de mais ninguém. Você fala, fala, e não é ouvida, o que te resta? Me calo, porque eu meu latim tá calejado, valorizado, escorrego falando uma hora ou outra com uma ou outra parede mas hoje em dia é quase por esporte, besteira, por diversão.