sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Série Reminiscências- "Obrigada por fumar."

Esse é um dos textos mais queridos ( por mim, claro) do meu antigo blog, o " A vida em um breve comentário" em uma versão levemente (risos) editada.



domingo, 14 de setembro de 2008

Obrigada por fumar



Sentada em um banco azul, daqueles de ponto de ônibus, ela está. Olha pra esquerda furtivamente, parece acordar afinal, seria seu ônibus? Não, alarme falso. Mais um dos milhares ônibus que não passam na famosa avenida de seu curso, ela com expressão de extremo aborrecimento lança uma olhadela ao relógio prateado no pulso direito. Aquele realmente não era seu dia.
Demorara horas na noite anterior para adormecer e seu estômago parecia pulsar,pensou até que seu coração se deslocara de lugar,pois,as contrações eram fortes, ácidas e entorpecedoras. 
Acordou com uma ligeira dor de cabeça, que aumentava vertiginosamente a medida que ela se movimentava em direção ao seu banheiro. Tomou um banho rápido, a água bem quente caía sobre seu rosto. Ficou assim por alguns instantes, sentindo o calor envolvente, passava as mão sobre o corpo massageando-o, tentando afastar os vastos e frenéticos pensamentos que serpenteavam e disputavam espaço em sua cabeça.
Fechou a torneira, não cantarolou e nem ao menos escreveu suas frases fúteis no vidro do box de vidro transparente. Não. Ela simplesmente sacou sua toalha e mergulhou seu rosto sobre ela, fungou profundamente o perfume floral dela, talvez assim, com a tola esperança de que com isso inalaria também,um pouco de ânimo com aquela essência reconfortante. Saiu do banheiro e o ar frio lhe causou calafrios fazendo-a se trocar rapidamente. 
Foi pra cozinha e a caneca com o café com leite santo de todos os dias estava lá, no mesmo lugar de sempre á direita no balcão da cozinha. Sua mãe lhe serve o pão e junto com ele as habituais perguntas matinais super pertinentes. Responde sem vontade esboçando um sorriso fraco para a mãe,e pede que se cessem o rotineiro interrogatório ,sua cabeça ainda lateja. 
Na colher caem vinte e cinco gotas,de sabor lastimável, nem ao comprimido tem direito, "comprimidos agridem o estômago" sempre diz sua mãe. Uma careta de criança inevitável ao sentir o líquido cortar sua garganta, bebe um gole apenas de água para seu doce refresco, um gole ao menos, graças a Deus!
Ela pega a mochila, três esborrifadas de perfume no pescoço, duas nos pulsos, pega o celular e confere se o cartão do ônibus está no bolso da calça já colocando os fones no ouvido e os óculos, e a cabeça continua a latejar, quantos segundos, minutos e horas o bendito líquido amargo iria demorar para dar efeito? Desce as escadas,sedentária, só mesmo as escadas para lhe salvar. 
Sobe a rua, ao som de músicas de batidas conhecidas e envolventes, divertidas ou tocantes. Olha para atrás, sua mãe acena de longe do prédio. Ofegante ao topo da rua vê seu ônibus ao longe no ponto,tenta correr mas não alcança, ótimo! Vai se atrasar. Emburrada,porém conformada, ela decide se sentar no último banco azul do ponto. Sente o tão conhecido cheiro da fumaça de tabaco e nicotina, olha para o lado e vê um moço com cara de novo, empunhando seu cigarro de forma quase que teatral. Há! Se não estivesse espirrando repetidamente em função da fumaça e sua rinite matinal, ela riria bem alto diante daquela visão tão bizarra. Minto, ela riria pra si, não é de olhar pra ninguém na rua sozinha. Mas com certeza riria ,nem que tivesse que disfarçar.
O protótipo de James Dean em "Rebelde sem causa", ao menos a divertiu, e como de costume, ela tentou meio que em canto de olhos analisar o moço sem olhar. Ela faz uma linha discreta, mas sua curiosidade late. Com o nariz vermelho,no melhor estilo da famosa rena natalina Rudolph,ela continua a olhar de canto de olhos o garoto dos cigarros e ele continua com sua pose de rock star. Ele parecia confiante, como se seu cigarro lhe proporcionasse uma segurança que, sem ele não existia. Entretanto, ela pensou :"ele podia me fazer o pequeno favor de baforejar essa fumaça seca e tóxica um pouco mais longe de mim". Ah sim,mas com certeza,e obrigada por fumar.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Discipule aeternam



   A cada dia desde sempre vejo,
   que a vontade de aprender é um grande desejo
   E cada raio  de sol entre as nuvens me diz,
   que infinitas são as possibilidades de ser feliz
   Que é normal se fixar só em uma,
   o que não se pode é se essa falha, acreditar que não se tem mais nenhuma
   Que o exercício de se amar nas horas de dúvidas, é um exercício duro e inconstante
   mas que não existe lição mais importante
   Para aprender, crer , o outro realmente amar
   sonhar e realizar, sentir a paz de espírito se instalar
   De nada vale se de corpo e alma não acreditar
   Mas acima de tudo ter paciência,
   consigo, com o mundo e um bocado de compaixão e tolerância
   Pois sem isso, responda , qual a relevância?
   Ser humano é errar e tentar  enxergar o erro e prosseguir outra vez, se diz
   E mais uma vez te digo, se assim for, sou uma eterna e orgulhosa aprendiz!


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O "amor" terceirizado (Você sabe que é pra você)




Eu cai mais uma vez. Afinal, quantas vezes a gente precisa cair no mesmo erro, para criar um repelente natural contra pessoas nocivas?
Não sei, sei que foi também erro meu, mas, também sei que nunca errei assim com alguém. 
Isso nesses momentos doloridos consola, afinal, quem é decente nunca se sente bem fazendo mal a ninguém.
Na era de "amores" terceirizados, relações artificiais, "sem compromisso" (com você meninas, nunca se esqueçam, isso não existe, e a gente se esquece, eu entendo e vale a pena frisar bem), não importa o quão legal, inteligente você seja, o que importa é "estar livre", como se deixar sentir algo verdadeiro te colocasse algemas.
Nesses tempos, não querendo culpar todo o gênero masculino existem sim os que valem a pena, esses mesmos que prezam o ideal "sem compromisso", praticam o sentimento efêmero, as conversas íntimas sobre corpo alma e filosofia a cada mês com uma nova menina, o interesse, pulam de garota pra garota como uma piscadela, fica difícil não se deixar levar pelo pessimismo.
O que eu vejo por mim e muitas meninas é um bando de homens preguiçosos das melhores virtudes humanas, sem um pingo de magia, um conformismo (como é sem compromisso, pra que ir tão longe por uma garota incrível sendo que posso pegar uma aqui pertinho, sem sair da minha zona de conforto?), um interesse bipolar.
Caras que, depois de ser tanto tempo enrolada você se pergunta da onde veio tanto interesse seu nesse cara preguiçoso, instável e que nunca te daria um sincero pé na bunda porque afinal, se algo der errado com a outra ou alguma das outras, né? Nada como uma step, uma "amiga" que você manda nudes, e adora, que você só não sai porque você é especial demais e tem medo de se envolver, ou na verdade, é que não tem culhões mesmo pra uma garota incrível como essa. Melhor ficar no perto de casa, no conformismo. 
Sei que muito do que digo e que muitos textos e depoimentos que vejo são vistos como despeito, recalque e blá, blá e blá, mas é só analisar todos os fatos de tantos casos e tantos caras cada vez mais velhos e menos crescidos emocionalmente.
O que me conforma é que enquanto você perde aquela mulher que te faz rir, que te diz a verdade, que fala palavrão, que não tem medo de falar besteira, que é única ( porque você vai sempre lembrar disso), que um dia já quis te ver, ter uma chance de te realmente te conhecer, essa mulher maravilhosa que você nunca mais vai a oportunidade de ter, vai encontrar um homem que você moleque, não conseguiu ser.