sexta-feira, 12 de junho de 2015

Natimorto




 Esse sentimento já nasce morto. Sem possibilidade de existir ou de viver algum dia.
 Já abortei tantas paixões e amores dos mais diversos tipos tantas vezes, mas sempre, sempre acaba sendo doído.
 Como se aqui dentro, bem lá nas entranhas do eu, já sufocassem qualquer aparecimento de vida de tal sentimento, e os sinais externos validando-os ainda mais. Eles, eu.
 Por não ter condição de dar a esse sentimento uma vida digna, uma reciprocidade, para não ter que fingir que ele não existe eu, aqui dentro, poupo ele e a mim a oportunidade de existir.
 Pra não chegar as vias de fato de mais uma dor que não posso me dar ao luxo de sentir. Porque pra amar se arrisca, e eu não vou os dados lançar. Não desse jeito, nesse caso, dessa vez.
 Penso como seria se eu o deixasse ser, parece uma ideia bonita, como todas elas, ideias e sonhos, esmagados no gosto de concreto da realidade.
 Não porque não quero, mas porque não posso.
 Mas foi bom te ter por perto por pouco tempo, sobra o lamento e a esperança de que um algum vingue algum dia,

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