domingo, 12 de julho de 2015

AKA Ovelha Negra/ Alguém que te faz sentir bem por não ser ela




Não sei se vocês sabem, mas "trainwreck" é uma expressão em inglês para pessoas que aparentemente "não tem jeito" e que, reza a lenda, todos temos uma na família ou nosso cotidiano.
Sabe algo que descobri, recentemente?
QUE EU SOU UM TRAINWRECK!
Calma gente, não é como se eu estivesse metendo o pé na jaca a torto e a direto, mas existem várias maneiras de ser uma "ovelha negra". É que desde pequena eu nunca cogitei, aliás sabia ao certo da expressão, por ser boazinha, nunca dizer não (só pra arrumar os brinquedos), por ter notas boas, por ser uma criança boa, graças á essas e outras eu estava em outra estrada, do outro lado a parte que contempla os parentes, irmãos, sobrinhos e agradecem por eles serem as ovelhas negras e não eles e suas famílias perfeitas, e ah, como isso acontece na minhas famílias!
Depois de começar ter problemas psiquiátricos o mundo deu volta e a Camillinha que iria ser normal ( filha de quem é... uma hora ou outra, não?), virou bochicho, durante anos, olhares tristes, mas sem nenhuma mão estendida, era só o panis at circenses com seus próprios consanguíneos .
E não falou oportunidades para estender uma mão, dar alento, uma atenção a quem sempre se sentiu deslocado pra mostra que eu estava errada. Não, minha depressão piorou quando eu vi que ao contrário dos filmes, família e amigas em sua maioria cagam pra sua doença, acham que você é demais assim, menos assado, muita opinião e menos empatia.
Esse ano fazem 7 anos que estou nesse relacionamento sério com a depressão e como boa trainwreck que sou, ainda adúltera nos 14 anos de casamento com a ansiedade e síndrome do pânico.
Posso contar, não tive muita ajuda, minha mãe erra muito, mas ajuda demais, mas quem mais me ajudaram sem ser ela, mesmo pouco tempo, foram pessoas que você não esperava. Mesmo o pouco que podiam foram amigos, mas não os meus melhores amigos, aqueles amigos que você nunca imagina que possa perceber que você precisa ir num cinema, sair num sábado pra papear e comer.
Eu encontro mesmo que pouco, mas mais compaixão em pessoas que supostamente não me amam como essas outras que ou cansadas da prima, sobrinha, parente, amiga depressiva.
Quanto tempo doeu?
Uma vida toda. Sendo que ainda dói.
Mas eu estou aos poucos me conformando que alguns nascem com famílias maravilhosas, amigos companheiros e outras... simplesmente são o lado realmente solitário da doença, mas que mesmo assim lutam bravamente.

Eu provavelmente faço tias, primas e primos, vizinhos, outros parentes pensarem "coitada anos nisso, ainda bem que ciclano tá ganhando bem e fulana vai casar".

Isso me fez sentir pena de todos eles, atrás dessa depressiva, se esconde uma pessoa fodástica, e eles que perdem, e muito, porque eu além de ser a trainwreck sou olhando por esse prisma a melhor pessoa dessa família e amigos.
E te digo, porque quando tive na posição de ajudar alguém na minha situação fui e fiz, não dei mil desculpas, mesmo doente sempre ajudei exatamente por saber o quanto a indiferença, negligência, ignorância e insensibilidade podem fazer a diferença não só de vida ou morte, mas de um dia angustiado ou um dia aliviado (quem tem depressão sabe o que isso significa).

Se você é diferente, não se encaixa, é um unicórnio como eu (rs), sinta-se orgulhoso! Cada um de nós somos pó de estrelas e as estrelas brilham e cada uma de sua maneira e tempo. E nós estamos brilhando, mesmo que o nosso tipo de brilho não seja o mais popular.


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